NOTA DE IMPRENSA


No dia 03 de novembro de 2021, no Estádio 22 de Junho, em Luanda, disputou-se o jogo entre o Petro de Luanda e o Clube Recreativo da Caãla (CRC), referente à 2ª jornada do Girabola 2021/2022. Nessa partida aconteceu algo que a sociedade desportiva nacional não tratou com a devida atenção, o que a ANFA, enquanto órgão representativo dos futebolistas, considera ter sido um acto de grande negligência, para não dizer irresponsabilidade dos intervenientes.


Aos 29 minutos e 46 segundos de jogo, na disputa de um lance, houve um choque entre Job, jogador do Petro de Luanda e Julião, guarda-redes do CRC, em que este último foi atingido involuntariamente na cabeça e, segundo as imagens do jogo a que tivemos acesso, ficou cerca de um minuto e meio inconsciente. A equipa médica do CRC teve que aplicar-se a fundo para recuperar o jogador após ter perdido os sentidos.


Face a estes acontecimentos, foi notório que o jogador evidenciou sinais de uma concussão cerebral e que, ainda que tenha recuperado os sentidos, não deveria ter permanecido em campo, pondo em risco a sua saúde e potenciando o agravamento dos sintomas associados à concussão.


O procedimento seguido neste jogo, como noutros realizados em Angola, vai contra os princípios que internacionalmente têm sido defendidos, desde logo pela FIFPro – Sindicato Mundial dos Jogadores, que a ANFA integra, no sentido de diagnosticar, agir e remover o jogador de campo quando identificada uma concussão cerebral, que é por definição um traumatismo induzido por um golpe (pancada) directo ou indirecto na cabeça, resultando em mudanças temporárias das funções do cérebro e com consequências cientificamente demonstradas, a curto ou médio prazo.


Face ao sucedido, a ANFA, em representação dos futebolistas, apela ao diálogo e trabalho conjunto com dirigentes, equipas médicas, treinadores e árbitros, no sentido de estabelecer princípios uniformizadores a seguir para tratar adequadamente as situações de concussão cerebral, analisando e regulamentando de acordo com as normas adotadas pelas principais estruturas do futebol mundial (FIFA, UEFA, IFAB, FIFPro, European Leagues, entre outras). Este protocolo é necessário e urgente para proteger, acima de tudo, a vida, a saúde e o bem-estar dos protagonistas. A ANFA apela, por fim, a que nenhum interesse competitivo ou finamceiros se sobreponha a estes valores maiores.


Sem outro assunto de momento, queiram aceitar as nossas cordiais saudações desportivas.


Luanda aos 18 de Novembro de 2021


MBANINO IGOR SAMU NASCIMENTO
O Presidente de Direcção da ANFA